quarta-feira, março 28, 2012

Nota Pública do CFP de esclarecimento à sociedade e aos psicólogos sobre Psicologia e religiosidade no exercício profissional


Recentemente recebi uma paciente em meu consultório que um dos motivos pelos quais ela trocou de psicóloga, foi o fato de ter sido criticada em sua religião.

Concordo com CFP quando coloca que o profissional não deve misturar suas crenças religiosas com a ciência.

Fundamentalmente penso que nós psicólogos estamos ali no exercício da profissão para entender e compreender o nosso paciente, jamais julgar e/ou criticar seu estilo de vida, sua crença religiosa ou condição sexual.

O paciente pode trazer questões de sua crença em meio aos seus conteúdos e trabalharmos isso, sabendo separar nossa própria crença e filosofia de vida.

Este é um tema que se vir a abordar causa polêmica e uma boa discussão.

Vale a pena aos profissionais repensarem e não se perderem em seus atendimentos do nosso código de ética; e aos pacientes ficarem atentos ao que pode vir a causar danos no seu tratamento, que é o contrário do que buscam na psicoterapia.

...

"Em resposta ao debate travado na mídia e nas redes sociais acerca da relação entre religiosidade e exercício profissional da(o) psicóloga(o), o Conselho Federal de Psicologia (CFP) esclarece o que segue.

Não existe oposição entre Psicologia e religiosidade, pelo contrário, a Psicologia é uma ciência que reconhece que a religiosidade e a fé estão presentes na cultura e participam na constituição da dimensão subjetiva de cada um de nós. A relação dos indivíduos com o “sagrado” pode ser analisada pela(o) psicóloga(o), nunca imposto por ela(e) às pessoas com os quais trabalha.

Assim, afirmamos o respeito às diferenças e às liberdades de expressão de todas as formas de religiosidade conforme garantidas na Constituição de 1988 e, justamente no intuito de valorizar a democracia e promover os direitos dos cidadãos à livre expressão da sua religiosidade, é que o Código de Ética Profissional da(o) Psicóloga(o) orienta que os serviços de Psicologia devem ser realizados com base em técnicas fundamentados na ciência psicológica e não em preceitos religiosos ou quaisquer outros alheios a esta profissão:

Art. 1º – São deveres fundamentais dos psicólogos: c) Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional; Se as(o) psicólogas(o) exercerem a profissão declarando suas crenças religiosas e as impondo ao seu público estarão desrespeitando e ferindo o direito constitucional de liberdade de consciência e de crença. O Código de Ética Profissional das(o) Psicólogas(o) cita nos dois primeiros princípios fundamentais a necessidade de respeito à liberdade e a eliminação de quaisquer formas de discriminação, e no artigo 2º veda à(o) psicóloga(o) a indução não só de convicções religiosas, mas também de convicções filosóficas, morais, ideológicas e de orientação sexual, compreendendo a delicadeza e complexidade que o tema merece:

Princípios Fundamentais

I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Art. 2º – À(o) psicóloga(o) é vedado: b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais;

Esse Código de Ética em vigor foi construído a partir de múltiplos espaços de discussão sobre a ética da profissão, suas responsabilidades e compromissos com a promoção da cidadania. O processo ocorreu ao longo de três anos, em todo o país, com a participação direta das(o) psicólogas(o) e aberto à sociedade. Seu objetivo primordial é garantir que haja um mecanismo de proteção à sociedade e à profissão, no intuito de garantir o respeito às diferenças, aos direitos humanos e a afirmação dos princípios democráticos e constitucionais de um Estado laico.

A profissão de psicóloga(o) foi regulamentada no Brasil pela Lei nº 4.119/1962 e a Lei nº 5.766/1971 criou a autarquia dos Conselhos Federal e Regionais de Psicologia, destinados a orientar, a disciplinar e a fiscalizar o exercício da profissão de psicólogo e zelar pela fiel observância dos princípios de ética e disciplina da classe. Entre as atribuições estabelecidas por essa lei ao Conselho Federal de Psicologia estão a de elaborar e aprovar o Código de Ética Profissional do Psicólogo e funcionar como tribunal superior de ética profissional, portanto atuar como instância de recurso aos processos julgados nos Conselhos Regionais.

Cumprindo seu papel previsto na Lei 5.766/1971 de zelar pela fiel observância dos princípios de ética e disciplina da classe, os Conselhos Regionais de Psicologia recebem e apuram as denúncias que chegam sobre o exercício profissional de psicólogas (os). Do julgamento do plenário do Conselho Regional, cabe recurso ao plenário do Conselho Federal de Psicologia.

Qualquer cidadão pode oferecer denúncia contra o exercício profissional do(a) psicólogo(a), visto ser seu direito constitucional. Assim, as ações de orientação e fiscalização promovidas pelos conselhos profissionais no âmbito Regional são legítimas e não podem ser tomadas como perseguições ou cassações a qualquer direito. Todos os profissionais que exercem suas funções reconhecidas pelo Estado Democrático de Direito estão submetidos às legislações e Códigos de Ética dos seus respectivos Conselhos e, portanto, têm o dever de pautar sua atuação profissional nas legislações que disciplinam o exercício de sua profissão.
A Psicologia como ciência e profissão pertence à sociedade tendo teorias, técnicas e metodologias pesquisadas, reconhecidas e validadas por instâncias oficiais do campo da pesquisa e da regulação pública que validam o conjunto de formulações do interesse da sociedade. Os princípios e conceitos que sustentam as práticas religiosas são de ordem pessoal e da esfera privada, e não estão regulamentadas como atribuições da Psicologia como ciência e profissão.
Finalizamos esse posicionamento declarando que o CFP iniciará uma série de atividades de debate sobre a relação entre Psicologia e religiosidade, com vistas a contribuir com o debate público da categoria e da sociedade frente a esse tema, objetivando explicitar que não somos contrários a que os profissionais tenham suas crenças religiosas e sim que devemos zelar para que estes não utilizem suas crenças, de qualquer ordem, como ferramenta de atuação profissional."

Fonte: www.pol.org.br

“A CLÍNICA PSICANALÍTICA DA ADOÇÃO” Setting Estudos em Psicanálise receberá GINA KHAFIF LEVINZON

“A CLÍNICA PSICANALÍTICA DA ADOÇÃO”

31 de MARÇO de 2012 das 11 às 14hs

Setting Estudos em Psicanálise receberá GINA KHAFIF LEVINZON.

Com a grandiosidade de Freud, a robusta perspicácia de Melanie Klein, a criatividade e suavidade de Winnicott, aprendemos que a conquista da nossa personalidade, da nossa identidade tem seus alicerces fincados numa única alternativa possível. Via única e inexorável: uma relação humana. Uma relação humana que possibilite que se desenvolva o mais poderoso impulso que o bebê traz ao chegar neste mundo: o impulso para ligar-se a outro se humano. É a relação mãe-filho. Porém, não basta apenas uma relação objetal, é imprescindível a oferta de uma relação objetal amorosa.

Gina Levinzon vem dividir conosco sua grande experiência clínica com crianças adotivas e as vicissitudes da adoção.

Psicanalista. Doutora em Psicologia Clínica pela USP. Membro Efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Professora do Curso Especialização em Psicoterapia Psicanalítica da USP.
Autora dos livros: “A Criança Adotiva na Psicoterapia Psicanalítica” e “Adoção”.

Inscrições: Rua Dr. Epitácio Pessoa, 456, Jd. Santa Francisca. Guarulhos - SP.
Informações: (11) 2441-0043 com Dayane.

Investimento:
Profissionais R$ 50,00
Estudantes R$ 35,00

Vagas Limitadas.

Local: Auditório da Associação Paulista de Medicina.
Rua Darci Vargas, 64 - Centro - Guarulhos.

terça-feira, março 27, 2012

É possível voltar a confiar?


Ao ler esse texto abaixo do Jabour me remeteu a minha infância e aos conflitos que vejo a nossa sociedade vivenciar atualmente.

Na minha infância tínhamos os limites impostos pelos nossos pais embasados de valores e princípios.
Pais sem muita instrução, mas com tamanha sabedoria que sabiam administrar o salário baixo e criar seus filhos de forma digna, com vínculos fortalecidos.
As famílias se reuniam diante a mesa para jantar, depois iam todos assistir aos noticiários, novelas, tinha hora para tudo, inclusive para as crianças, dormir e acordar.
E o respeito? Era fundamental. Qualquer pessoa mais velha era respeitada pelas crianças e adolescentes.
Conflitos, problemas, famílias tumultuadas, jovens delinquentes, tudo isso sempre existiu, mas os valores eram diferentes!
Os anos passaram, a modernidade nos presenteou com ferramentas de facilidades jamais imaginadas... Ganhamos tempo, vivemos um progresso que agrega, no entanto, os valores vão se perdendo pouco a pouco.

Hoje é comum em uma família a mãe e o pai terem uma carreira bem sucedida, logo os filhos possuem muito mais do que as crianças do passado de classe média, no entanto, é raro as famílias que sentam em torno da mesa para fazer uma refeição ou que assistem a TV reunidos, pois em cada quarto possui uma televisão, um computador e cada membro da família tem os seus afazeres, não há tempo para interagir. O pai está estressado, a mãe ocupada e as crianças querem se comunicar com os amigos através das redes sociais ou jogar vídeo game.

Muitos pais acham que é obrigação da escola a educação, cobram isso dos professores que na grande maioria dos casos não são respeitados pelos alunos, que vivem a falta de afeto, por terem tudo, menos carinho e atenção.

Vivemos a era onde muitos acreditam que o dinheiro resolve tudo!

Os diálogos tornam-se escassos! As relações vazias! O afeto é substituído por um bem material.

Os lares possuem mais confortos, e os moradores cada vez menos tempo para usufruir do mesmo.

Crianças e adolescentes cada vez mais 'adultos', mais viajados, adquirindo mais conhecimentos, porém com menos maturidade e pouca malícia de vida!

Valorizam o TER e de fato esquecem da importância de SER!

Mas, ainda há os que acreditam em mudança, em criar os filhos impondo limites e valores, cobrando respeito e responsabilidade.

Será possível diante de tudo que percebemos?

Você pode educar o seu filho e o mesmo se deparar com amiguinhos com uma realidade diferente da dele e isso ser aceito?

É perceptível por conta de várias razões, adolescentes recorrendo à fugas devido não se sentir pertencido no seu próprio lar e com a sua família.
Meninas com vestidos cada vez mais curtos, maquiagem carregada, plásticas para se sentir pertencente aquele grupo onde todas têm que andar assim para ser aceita.
Meninos mudando o corte de cabelo, visual em prol de fazer parte da 'tribo' pop da escola.
Cada vez mais cedo fazem uso de álcool, cigarros e até de drogas mais pesadas.
Os pais liberam para curtir as 'baladinhas', mas eles não têm ainda qualquer discernimento do que é certo e errado, pois os valores estão totalmente deturpados.

Diferentemente do Jabour, a minha pergunta é: É possível voltar a confiar???

Eu acredito que sim!!! É necessário a nossa geração impor respeito, limites das nossas crinças e adolescentes, orientar, conversar e acima de tudo dar amor e atenção!

Não podemos desacreditar dos seres humanos e de um mundo melhor! Mas, isso requer muito equilíbrio e autoconhecimento.

Deise Barreto.

Quero voltar a confiar, por Arnaldo Jabour.

Fui criado com princípios morais comuns: Quando eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos eram autoridades dignas de respeito e consideração.
Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afeto.
Inimaginável responder de forma mal educada aos mais velhos, professores ou autoridades…
Confiávamos nos adultos porque todos eram pais, mães ou familiares das crianças da nossa rua, do bairro, ou da cidade…
Tínhamos medo apenas do escuro, dos sapos, dos filmes de terror…
Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos.
Por tudo o que meus netos um dia enfrentarão.
Pelo medo no olhar das crianças, dos jovens, dos velhos e dos adultos.
Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadãos honestos.
Não levar vantagem em tudo significa ser idiota.
Pagar dívidas em dia é ser tonto… Anistia para corruptos e sonegadores…
O que aconteceu conosco?
Professores maltratados nas salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas.
Que valores são esses?
Automóveis que valem mais que abraços, filhas querendo uma cirurgia como presente por passar de ano. Celulares nas mochilas de crianças.
O que vais querer em troca de um abraço?
A diversão vale mais que um diploma. Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa.
Mais vale uma maquiagem que um sorvete. Mais vale parecer do que ser…
Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?
Quero arrancar as grades da minha janela para poder tocar as flores!
Quero me sentar na varanda e dormir com a porta aberta nas noites de verão!
Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero a vergonha na cara e a solidariedade. Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olhar olho-no-olho.
Quero a esperança, a alegria, a confiança!
Quero calar a boca de quem diz: “ temos que estar ao nível de…”, ao falar de uma pessoa.
Abaixo o “TER”, viva o “SER”!!!
E viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva, limpa como um céu de primavera, leve como a brisa da manhã!
E definitivamente bela, como cada amanhecer.
Quero ter de volta o meu mundo simples e comum.
Onde existam amor, solidariedade e fraternidade como bases.
Vamos voltar a ser “gente”
Construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas.
Utopia?
Quem sabe?...
Precisamos tentar…
Quem sabe comecemos a caminhar transmitindo essa mensagem… Nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão!