quarta-feira, março 27, 2013

Meia, Meia ou Meia (Muito bom!!!).

Trocando Seis Por Meia Dúzia

O português praticado no Brasil não é para amadores, nem puristas...

Na recepção dum salão de convenções, em Fortaleza:

- Por favor, gostaria de fazer minha inscrição para o Congresso.
- Pelo seu sotaque vejo que o senhor não é brasileiro. O senhor é de onde?
- Sou de Maputo, Moçambique.
- Da África, né?
- Sim, sim, da África.
- Aqui está cheio de africanos, vindo de toda parte do mundo. O mundo está cheio de africanos.
- É verdade. Mas se pensar bem, veremos que todos somos africanos, pois a África é o berço antropológico da humanidade...
- Pronto, tem uma palestra agora na sala meia oito.
- Desculpe, qual sala?
- Meia oito.
- Podes escrever?
- Não sabe o que é meia oito? Sessenta e oito, assim, veja: 68.
- Ah, entendi, meia é seis.
- Isso mesmo, meia é seis. Mas não vá embora, só mais uma informação: A organização do Congresso está cobrando uma pequena taxa para quem quiser ficar com o material: DVD, apostilas, etc., gostaria de encomendar?
- Quanto tenho que pagar?
- Dez reais. Mas estrangeiros e estudantes pagam meia.
- Hmmm! que bom. Ai está: seis reais.
- Não, o senhor paga meia. Só cinco, entende?
- Pago meia? Só cinco? Meia é cinco?
- Isso, meia é cinco.
- Tá bom, meia é cinco.
- Cuidado para não se atrasar, a palestra começa às nove e meia.
- Então já começou há quinze minutos, são nove e vinte.
- Não, ainda faltam dez minutos. Como falei, só começa às nove e meia.
- Pensei que fosse as 9:05, pois meia não é cinco? Você pode escrever aqui a hora que começa?
- Nove e meia, assim, veja: 9:30
- Ah, entendi, meia é trinta.
- Isso, mesmo, nove e trinta. Mais uma coisa senhor, tenho aqui um folder de um hotel que está fazendo um preço especial para os congressistas, o senhor já está hospedado?
- Sim, já estou na casa de um amigo.
- Em que bairro?
- No Trinta Bocas.
- Trinta bocas? Não existe esse bairro em Fortaleza, não seria no Seis Bocas?
- Isso mesmo, no bairro Meia Boca.
- Não é meia boca, é um bairro nobre.
- Então deve ser cinco bocas.
- Não, Seis Bocas, entende, Seis Bocas. Chamam assim porque há um encontro de seis ruas, por isso seis bocas. Entendeu?
- E há quem possa entender?

Seis entende?

(Desconheço autoria).

segunda-feira, março 04, 2013

Como lidar com mães que perdem o filho precocemente, por Deise Barreto.



Todos sabemos que a lei natural da vida é “os pais partirem antes dos filhos”. Tanto que se o obstetra tiver que optar pela sobrevivência da mãe ou do filho, faz parte da nossa cultura que essa escolha recaia sobre a mãe, que poderá gerar outros filhos. Ao contrário do pai, a mãe é “cuidadora” por natureza. E, diferentemente de muitas outras espécies, o ser humano recém-nascido depende totalmente de sua mãe, física e psicologicamente. É preciso que a mãe seja saudável, no sentido mais amplo do termo para criar e guiar sua prole.

A ideia de morte natural de um jovem não é comum. Esta situação normalmente é causada por fatores traumáticos (acidentes, assassinatos) ou patológicos (doenças hereditárias ou adquiridas que causem a degeneração precoce do organismo). No entanto, nos dias de hoje, a violência urbana é a que mais tem ceifado a vida de rapazes e moças indiscriminadamente. Somente no Brasil, 600 mil jovens foram assassinados nos últimos 20 anos.

Mães que perdem filhos precocemente, nem sempre procuram um profissional que lhes preste tratamento psicoterápico, método que é de grande ajuda na elaboração do luto. E a sociedade, que precisa acolher essa mãe, também não está preparada culturalmente para vivenciar e lidar com este tipo de perda. Embora saibamos que a morte é a única certeza que temos na vida, independente da crença de cada um, nenhum ser humano está 100% apto a vivenciá-la sem sofrimento. Embora o mesmo não possa ser mensurado, cada indivíduo tem o seu jeito de lidar com a perda e com o luto.

Quando a mãe perde seu filho de maneira traumática tende a ficar “sem chão”, pode vivenciar sentimentos de culpa, inconformismo e revolta. Haverá sofrimento, dor e tristeza. Mas, se ela permitir-se receber ajuda de um profissional, este poderá instruí-la a trabalhar esta perda, entendendo o que esse filho representava em sua vida, ajudando-a a conviver com o luto e propiciando um pouco de conforto, retirando-a do estado de culpa que acomete a maioria das mães, até porque mães sempre acreditam poder e dever amparar seus filhos de tudo e de todos, o que, infelizmente, nem sempre é possível. Por melhor que seja uma mãe, ela não é Deus e não tem o controle sobre o destino do seu filho.

Amigos, familiares com a intenção de amenizar a dor, tentam distraí-las, dar-lhes forças, pedem até que não chorem. Mas é possível não chorar? É possível ser forte? Não, não é possível. Portanto, é preciso buscar ajuda para enfrentar a dor e continuar.

O luto precisa ser vivenciado; sua elaboração é necessária para que tal mãe possa dar continuidade a sua história, de preferência com saúde psíquica para cuidar dos outros filhos. A saudade e a dor da perda podem ser amenizadas, nunca ignoradas. É preciso continuar vivendo e se o filho (a) pudesse mais uma vez estar com sua mãe, com certeza diria: ”Mãe viva a sua vida!”

(Texto escrito para a sessão Família da Revista Bem Mais Osasco - Abril/2013).