segunda-feira, junho 30, 2014

Conflitos entre irmãos por Deise Barreto

Conflitos entre irmãos

Como os pais podem administrar essa questão

Você provavelmente já se deparou com a frase: “Como pode? Irmãos criados da mesma forma e de temperamentos tão diferentes!”. De fato, na maioria das famílias percebemos irmãos com personalidades distintas. Estranho seria se assim não o fosse...

É compreensível que muitos acreditem que a mesma forma de educação entre irmãos influencie, mas a realidade é que a mãe e o pai vivenciam a maternidade e a paternidade de maneira peculiar a cada gestação. Esse novo ser humano será recebido com uma maternagem adequada ou não para aquele momento, além de se constituir como indivíduo com variáveis inatas aos fatores biológicos e a influência do ambiente no qual estará inserido. A partir desta influência inicial em seu desenvolvimento e dos estímulos externos, é que observaremos como se dá a relação entre irmãos.

Quando a diferença de idade entre irmãos é maior, naturalmente viverão experiências distintas pela fase em que cada um se encontra, o que tende a ser natural é que o irmão adolescente não tenha muita paciência com o que ainda é criança ou o oposto, o irmão mais velho, pode ser super protetor, tanto que acabe fazendo também o papel materno ou paterno com o “caçulinha” que poderá tê-lo como seu maior e melhor exemplo.

Quando possuem a mesma idade, por mais próximos que sejam, também haverá conflitos e em muitos casos se estabelecerá a competição, que pode ser ou não estimulada e alimentada pelos próprios pais e é aí onde mora o perigo. O ser humano é competitivo por natureza e se o ambiente o estimula, podemos ter o conflito do positivo e do negativo no mesmo espaço.

No caso das famílias onde há apenas uma criança, supondo que seja o único neto, sobrinho e filho, naturalmente ela terá toda atenção, carinho e privilégios. Se os pais desejam aumentar a família é importante colocar a criança na decisão e prepará-la para toda mudança que terá de enfrentar. Quando não for planejado, sempre será tempo de inserir a criança neste novo momento, seja conversando, orientando, indicando as responsabilidades sobre o irmão mais novo, no entanto, de maneira a não superiorizá-lo ou inferiorizá-lo, deixando claro que o irmão não será de sua propriedade e que ele não será menos amado pelos pais, que despenderão mais atenção ao pequeno.

Com o passar do tempo a postura dos pais fará a diferença. Embora as crianças sejam educadas pelos mesmos pais em fases diferentes de suas vidas, é necessário que o amor, a união, a parceria e a cumplicidade, sejam alimentados dentro do lar através do diálogo, orientação, limites e sem competições.

É natural que haja mais afinidade dos pais para com um dos filhos, por mais amor que exista entre todos, um filho pode se destacar mais que o outro, suas habilidades, carisma... Mas essas diferenças de personalidades precisam ser respeitadas. Vemos em algumas famílias que quando o pai se identifica com um dos filhos, o qual detém certa habilidade admirável, acaba sendo elogiado demais, enquanto o outro não. Sem contar os que comparam, subestimam e tal comportamento pode acarretar o conflito, o ciúme e pouco a pouco as brigas entre os irmãos, que podem ganhar conotação destrutiva a ponto de prejudicar a convivência. E se pararmos para analisar, infelizmente, isso é muito comum.

Será que tantos conflitos entre irmãos não poderiam ser evitados se fossem observados precocemente pelos pais? Se aborrecer ou vivenciar um atrito acaba sendo muito natural em qualquer relação humana, o que os pais não podem permitir é que uma rivalidade infantil perdure na vida adulta. De que forma? Buscando alimentar a paz familiar e ao detectar a competição precoce tentar revertê-la. Já dizia Aristóteles: As contendas e ódios mais cruéis são os dos irmãos, porque os que muito se amam muito se aborrecem.

Vivemos numa era onde valores se perdem rapidamente, mas não podemos permitir que a família se perca. Os irmãos são os parentes do presente e do futuro, quando a ordem natural da vida se dá, os pais partem e ficam os irmãos, é necessário que um conte com o outro e contribuam para o crescimento da família. Alimentar também, a convivência entre primos é muito importante, pois muitas famílias possuem apenas um filho. O respeito precisa ser o ponto fundamental como em toda relação e esta base, precisa ser constituída no início de tudo!

Texto elaborado para a sessão Família da Revista Bem Mais Osasco - Jul/2014

quinta-feira, junho 12, 2014

DR - Discutindo a Relação

DR - Discutindo a Relação
(Como salvar o amor da rotina).
Há quem diga que mulher adora uma DR (discutir a relação).
Aí eu te pergunto: Só as mulheres?

Atualmente me deparo com mulheres reclamando que o parceiro vive tentando discutir a relação.
Pois é, foi o tempo em que só mulheres provocavam o diálogo no relacionamento. No entanto, confesso que fico feliz deste contexto viver transformações. Afinal, comunicação é tudo!
Toda relação humana requer atenção, seja entre pais e filhos, irmãos, chefe e funcionário, homem e mulher. A partir do momento que existe convivência com outra personalidade há conflito, mas o mesmo perdura ou não dependendo de como os personagens deste enredo conduzem a situação.

Quantas vezes você deixou de expor um ponto de vista com receio de magoar o outro?

Quantas vezes você falou sem pensar, ofendeu e se arrependeu?

Como eu sempre falo para se viver bem é necessário equilíbrio. Viver os extremos nunca será confortável. E podemos falar sobre o que quisermos desde que saibamos usar as palavras certas e no tempo adequado.

Muitos casais chegam ao consultório, insatisfeitos ou frustrados com o relacionamento, por estarem vivendo a relação monótona e acabam confundindo com o fim do amor.
Mas, se observarmos muitos casais com o tempo de convivência perdem aquele combustível do inicio, percebem?
Quando duas pessoas se encontram e se apaixonam, na grande maioria dos casos lutam juntas durante a fase de sedução para que o relacionamento flua, esquecem o cansaço, o tempo, se esforçam para estarem juntas e agradar mutuamente. Se for desta maneira que a paixão foi transformada em amor, se há felicidade em estar junto, o que motivou tudo mudar e cair na rotina?

Muitos terão várias justificativas distintas, mas no fundo a verdade é uma só, houve acomodação, ‘já conquistei, já tenho, amo, sou amada (o) e basta’. Vão permitindo com esse pensamento seja ele consciente ou inconsciente que a relação esfrie, pois deixaram de colocar combustível na mesma.
E aí se resolvem se separar e anos mais tarde na nova relação se deparam com a mesma situação, isto é, se não souberem conduzir de maneira diferente, novamente ocorrerá frustração.

Se no ambiente profissional você permitir que a rotina te deixe relapso e intolerante, a chance de você ser substituído será grande. Logo, na relação amorosa não é diferente, mas o amor é algo tão sublime e se lá atrás você escolheu alguém para compartilhar da vida contigo, por que não lutar?
Por que não expor o que pensa, sente, o que faz falta?
Não apenas isso, mas também ser exemplo, também fazer por onde, agir como gostaria que o outro agisse, pois somente desta forma você terá como cobrar algo, mas não que você tenha que fazer buscando algo em troca, faça por vontade própria, por amor.
Não existe relação sem amor.
Não existe relação sem diálogo.

Lembrando que ninguém precisa viver uma vida infeliz se já não há mais amor e pode finalizar a relação com respeito por tudo que a pessoa significou na sua vida, na sua história...

Segundo o saudoso Paulo Goulart que viveu um exemplo de relacionamento com a atriz Nicette Bruno por 60 anos... “A vida é um aprendizado permanente. Se não exercitar a paciência e o entendimento, se briga por bobagem”.

O relacionamento precisa ser regado constantemente e quem disse que viver uma DR é o fim de tudo?
Pode ser apenas o começo ou recomeço do que não tem fim...

Deise Alves Barreto de Matos, psicóloga clínica e psicossomatista.

(Texto elaborado para a sessão Família da Revista Bem Mais, especial dia dos namorados - Jun/2014).