quinta-feira, abril 16, 2015

Por que psicólogo não pode atender parentes e amigos?

Vamos refletir:

Já ouvi de amigas: Você deveria me atender, confio em você e será mais fácil! Não vou confiar em outro psicólogo.
Ledo engano!
Eu não atendo meus parentes, nem meus amigos e nem familiares diretos de pacientes (mãe, pai, esposa (o), namorada (o), irmã(o), caso o paciente esteja em tratamento).
Por que?!
Eu até poderia separar as coisas, mas e o paciente?
No setting terapêutico o paciente irá desnudar a alma, sem a preocupação de ser julgado, criticado ou rotulado. Está ali para ser compreendido, para tratar a percepção e elaborar traumas!
Quem não tem algo tão íntimo que não expõe a ninguém?
Mas na psicoterapia com vínculo estabelecido acaba falando... E tem que falar! Se não confiar no psicólogo e se não rolar vínculo, não flui...
Agora vamos supor atender um amigo. Vem meu amigo que está com problemas com o casamento... Por mais ética, profissional que eu seja, ele vai falar tudo que o angustia e depois me verá no churrasco do fim de semana bebendo com a esposa dele naturalmente?
Ou se eu atender a minha cunhada... Ela vai expor o esposo, a sogra para mim tranquilamente?
Atender o filho da minha amiga e na sessão de orientação a ela, ela vai separar a Deise amiga, da Deise psicóloga?
Uma coisa... Sou eu Deise amiga ou parente que ouve, que dá opinião quando pedido ou orienta, tira dúvidas em algo que compete a minha profissão... Outra coisa é a Deise dentro do consultório. Minha relação com os pacientes é profissional, não somos amigos! Sofro junto, vivo relações de trocas, aprendo e ensino, sou humana, sou sensível, ouço com coração, vibro junto, torço e aprendo a amar cada ser que vem de encontro a mim tratar de seus conflitos!
Mas não falo sobre a minha vida! Não saio junto, não vou a casamento, aniversário ou qualquer outro evento!
Essa distância é importante! A projeção, a transferência e a contratransferencia fazem parte do tratamento.
Não posso me contaminar... Como vou atender o namorado da minha paciente ou a irmã separadamente?
Eu sei lidar!
Mas ela saberá?
Fácil... Falar sim!
Mas depois a situação muda.
Reflita a respeito.
Nós psicólogos, não vivemos analisando tudo e todos! Temos vida gente!!! rs
Mas confesso que temos um olhar diferenciado, é claro!
Faço uma leitura frente ao que vejo em família ou com amigos, percebo muitas coisas... Mas, não me cabe tratar isso. Ajudamos quem quer ser ajudado!
Se tenho alguém próximo em sofrimento, e o mesmo me pede ajuda, faço pensar, oriento, mas não o trato como paciente, indico um colega.
Muitos pedem ajuda, mas se sentem envergonhados depois... Complexo.
Posso ajudá-los ou irei criar mais angústias na vida desses indivíduos se além de parente, amiga me tornar a psicóloga deles???
Não dá para ser bom no que faz visando o financeiro. Perde-se muitos pacientes. Mas a ética e o sucesso do bom trabalho em primeiro lugar!
Agora quando se trata de cidades pequenas, o psicólogo não vai atender ninguém???
Se não tem vínculo, atende!
Ou todos são amigos???
Eu não teria a cidade toda frequentando minha casa se fosse o caso.
Posso atender a minha vizinha. Moramos no mesmo condomínio, mas não temos vínculo, apenas, bom dia, boa noite.
Mas se ela mentir que não irá comparecer a sessão porque está doente e depois eu encontrá-la no estacionamento chegando com sacolas do shopping, quem ficará sem graça?
Ok ok... Trabalharemos sobre isso na próxima sessão rs

Pensem nisso!

Por Psicóloga Deise Barreto

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