quinta-feira, abril 23, 2015

Tempo Fitness

Venho observando que tem crescido consideravelmente o número de blogueiras fitness e de pessoas famosas com milhares de seguidores em suas redes sociais, onde publicam vídeos e fotos da alimentação (dietas) e atividades físicas.

Em tempo de alimentação errada, uso de alimentos práticos, mas pobres em nutrientes, aumento das taxas de colesterol, triglicérides, glicose em crianças, jovens, ou seja, qualquer idade. É. Foi o tempo que somente os adultos da melhor idade sofriam com esses problemas de saúde... À modernidade com toda loucura da falta de tempo que muitos vivenciam, com os inúmeros delivery de fast food, alimentos congelados e ricos em sódio que o supermercado nos oferece, sedentarismo e stress, a sociedade adoece.
Logo, que bom que há tantos blogs e famosos propagando uma vida saudável, regrada e fitness.

Mas, o que me preocupa é como a mídia pode ser manipuladora, e como as pessoas podem deturpar o real sentido da reeducação alimentar, das atividades físicas que trazem inúmeros benefícios aos seus adeptos.

Percebo que as blogueiras fitness, nem todas têm o conhecimento das nutricionistas. E parece que estamos vivendo a era do "pseudo-anoréxico". A mensagem implícita. A beleza deturpada. Foco: Eliminar a gordura, obter massa magra, definir abdômen, e secar, secar literalmente vendo.

Ouço de mulheres magras que elas precisam emagrecer. Não estou me referindo a falsa magra não. Homens e mulheres que vivem a base de batata doce e clara de ovo. Imagina o resultado (rsrsrs), brincadeiras à parte. Temo o excesso dessa juventude fitness.

Já escrevi anteriormente sobre vaidade e o transtorno dismórfico corporal, mais conhecido como dismorfofobia, se caracteriza por defeitos mínimos que as pessoas encontram em sua face ou no corpo, ou seja, uma percepção distorcida da imagem corporal.

A ansiedade leva muitas pessoas a comerem compulsivamente acarretando obesidade e diversas doenças, como também leva atualmente muitas pessoas ao excesso de atividades físicas e dietas pobres de nutrientes, da falta de acompanhamento de um bom profissional nutricionista, endocrinologista e em muitos casos de um bom psicólogo que vai tratar dessa ansiedade e compulsão.

Sou a favor da reeducação alimentar, da alimentação saudável e das atividades físicas, pois os benefícios são inúmeros. Sedentarismo, sobre peso, uso de álcool e tabagismo afetam a qualidade de vida, e com o stress em todos os campos dessa vida moderna muitos acabam envelhecendo com a saúde precária.

Mas, cair na ideia de que por beleza, por estética vale qualquer sacrifício, pode estar criando mais problemas no âmbito psicológico, fisiológico e biológico.

Pensem nisso.

Por Psicóloga Deise Barreto

quinta-feira, abril 16, 2015

Imediatismo

A sociedade está carente por imediatismo.

Quer emagrecer, encontrar um grande amor, juntar um montante, comprar isso, aquilo, fazer a viagem dos sonhos... Para ontem!

Independente de qual objetivo que almeja alcançar, há a pressa!
As pessoas vivenciam uma pressa absurda.
Quer e quer agora. A ansiedade em esperar chega a adoecer o indivíduo que após decidir "querer" precisa sentir o prazer do conquistado, muitas vezes de imediato.

Nós humanos tendemos a viver insatisfeitos. Após uma conquista vem logo outra pegando carona e nos motivando a desejar mais.
Não vejo mal algum nessa atitude. Para mim triste é e pode tornar doentio o fato de o indivíduo viver sem pulsão de vida, sem entusiasmo, vontades e desejos.
É preciso querer e fazer por onde obter a satisfação do desejo. Mas no imediatismo complica!
Ansiedade gera angústia, angústia não trabalhada, não elaborada se transforma em doenças.
Se até ontem você comia como se o mundo fosse acabar, não adianta fazer a matrícula na academia, dar início à pratica de esportes, começar uma reeducação alimentar e depois de um mês ficar frustrado diante do espelho porque ainda não está com o corpo dos sonhos...
Da mesma forma que se você nunca poupou qualquer valor e começa gradativamente a guardar um percentual do seu salário na poupança, não será em três meses que tudo estará diferente...
Quer encontrar alguém, viver um novo relacionamento, mas não se permite sair, conhecer pessoas, olhar e deixar ser olhado...

Para cada objetivo e desejo é preciso o querer e discernir em como conquistar, realizar o ensejo. E então batalhar em prol, mas sabendo esperar, não atropelando o passo a passo, a mudança de hábitos...

Lembre-se imediatismo e ansiedade tem uma linha bem tênue. Mas para a ansiedade há tratamento, que bom!

Por Psicóloga Deise Barreto

Sem filhos por opção

Tudo que foge ao padrão estabelecido pela sociedade causa estranheza.
Tanto é que um jovem casal sempre vai ser questionado: Quando vêm os filhos?
Isso mesmo a pergunta geralmente é feita no plural.
Mas se a resposta for: Não queremos filhos! Não teremos filhos!
Vem o olhar de surpresa com perguntas ou argumentos com intuito de fazê-los mudarem de ideia!

- Vocês não podem?! Adota!
- Ah, já sei, não quer estragar o corpo, adota! Tantas crianças esperam por um lar cheio de amor...
- Vocês vão se arrepender quando ficarem velhos! Quem vai cuidar de vocês?
- Não acredito! Você amam crianças! Um lar sem crianças não tem alegria!

A sociedade cobra constantemente das pessoas que entrem nas estatísticas e falta compreensão por parte de uma maioria quando alguém foge à regra.

Se um casal em comum acordo opta por não ter filho, não quer biológico, nem adotado. Uma mulher que não tem o desejo de ser mãe não o terá porque está pensando no corpo, pois a maioria sabe que a gravidez não lhe trará prejuízos para o físico, exceto se houver um descuido que pode acarretar danos se tornando ou não mãe. Filhos também não é garantia de ter cuidadores na velhice, filhos são para o mundo, e sendo criados num lar com amor terá melhor base para viver com autonomia na vida adulta, e apesar dos laços afetivos terão vida própria que nem sempre será perto dos pais. E quanto a amar crianças, o fato de não querer filhos, nada tem a ver com falta de sentimentos. São escolhas!

O casal... Podem ser pessoas muito afetuosas, mas não veem espaço na vida deles para crianças, curtem os filhos dos familiares, amigos, levam para passear, brincam, dão amor, mas não querem esse tipo de responsabilidade para eles, prezam pela liberdade, individualidade entre outras coisas. Cada casal terá sua opinião frente à escolha de não terem filhos e cabe a sociedade respeitar.

Crianças precisam de lares e pais dispostos a recebê-los com amor, maturidade, dedicar tempo com qualidade, preparar indivíduos para o mundo, administrar tempo, adequar rotina, carreira para que o filho possa ser amado, criado e educado pelos pais, não por terceiros durante 24h.

Atualmente é comum dentro e fora do consultório lidar com pessoas em conflitos, pois sentem a pressão da sociedade com cobranças, o relógio biológico lembrando e a dúvida, quero ter um filho ou preciso ter um filho?

Existe uma grande diferença entre querer ser mãe e pai porque desejam construir uma família, preparar um pequeno ser para o mundo, poder viver um amor incondicional mesmo sabendo que muitas coisas mudarão após a chegada de um filho, mas estarem dispostos a enfrentarem todas mudanças e se adaptarem às mesmas ou ter um filho porque a família cobra, porque os amigos todos são pais ou estão se tornando, o assunto entre a turma é somente este, porque faz parte dos ciclos, e terão avós apaixonados para cuidarem, e terceirizar a criação não será problema.

Ter um filho é uma decisão muito séria. Quem não quer pontua todas as vantagens e quem quer ou tem também descrevem as renúncias e os ganhos, sobretudo o amor incondicional.

O importante e fundamental é a decisão independente de qual, partir do comum acordo.

Se o casamento não está bem, serão filhos que vão melhorar o quadro?
Filhos também não é garantia de casamento feliz e duradouro.
Muitos conflitos e conteúdos íntimos não elaborados precisam ser tratados antes de ter um pequeno ser dependente de ti. Porque o emocional em muito influenciará na constituição do sujeito.

A atualidade com toda modernidade nos permite obter esclarecimentos sobre tudo e o respeito pelo próximo é fundamental, portanto a sociedade hoje é construída com personalidades distintas, e os sem filhos por opção também são felizes.

E você? É feliz com a sua escolha?

Se a resposta é sim. Que bom!

Se for não ou há conflitos sobre as escolhas que precisam ser feitas. Que tal buscar ajuda!?

Por Psicóloga Deise Barreto

#consulteumpsicólogo

Por que psicólogo não pode atender parentes e amigos?

Vamos refletir:

Já ouvi de amigas: Você deveria me atender, confio em você e será mais fácil! Não vou confiar em outro psicólogo.
Ledo engano!
Eu não atendo meus parentes, nem meus amigos e nem familiares diretos de pacientes (mãe, pai, esposa (o), namorada (o), irmã(o), caso o paciente esteja em tratamento).
Por que?!
Eu até poderia separar as coisas, mas e o paciente?
No setting terapêutico o paciente irá desnudar a alma, sem a preocupação de ser julgado, criticado ou rotulado. Está ali para ser compreendido, para tratar a percepção e elaborar traumas!
Quem não tem algo tão íntimo que não expõe a ninguém?
Mas na psicoterapia com vínculo estabelecido acaba falando... E tem que falar! Se não confiar no psicólogo e se não rolar vínculo, não flui...
Agora vamos supor atender um amigo. Vem meu amigo que está com problemas com o casamento... Por mais ética, profissional que eu seja, ele vai falar tudo que o angustia e depois me verá no churrasco do fim de semana bebendo com a esposa dele naturalmente?
Ou se eu atender a minha cunhada... Ela vai expor o esposo, a sogra para mim tranquilamente?
Atender o filho da minha amiga e na sessão de orientação a ela, ela vai separar a Deise amiga, da Deise psicóloga?
Uma coisa... Sou eu Deise amiga ou parente que ouve, que dá opinião quando pedido ou orienta, tira dúvidas em algo que compete a minha profissão... Outra coisa é a Deise dentro do consultório. Minha relação com os pacientes é profissional, não somos amigos! Sofro junto, vivo relações de trocas, aprendo e ensino, sou humana, sou sensível, ouço com coração, vibro junto, torço e aprendo a amar cada ser que vem de encontro a mim tratar de seus conflitos!
Mas não falo sobre a minha vida! Não saio junto, não vou a casamento, aniversário ou qualquer outro evento!
Essa distância é importante! A projeção, a transferência e a contratransferencia fazem parte do tratamento.
Não posso me contaminar... Como vou atender o namorado da minha paciente ou a irmã separadamente?
Eu sei lidar!
Mas ela saberá?
Fácil... Falar sim!
Mas depois a situação muda.
Reflita a respeito.
Nós psicólogos, não vivemos analisando tudo e todos! Temos vida gente!!! rs
Mas confesso que temos um olhar diferenciado, é claro!
Faço uma leitura frente ao que vejo em família ou com amigos, percebo muitas coisas... Mas, não me cabe tratar isso. Ajudamos quem quer ser ajudado!
Se tenho alguém próximo em sofrimento, e o mesmo me pede ajuda, faço pensar, oriento, mas não o trato como paciente, indico um colega.
Muitos pedem ajuda, mas se sentem envergonhados depois... Complexo.
Posso ajudá-los ou irei criar mais angústias na vida desses indivíduos se além de parente, amiga me tornar a psicóloga deles???
Não dá para ser bom no que faz visando o financeiro. Perde-se muitos pacientes. Mas a ética e o sucesso do bom trabalho em primeiro lugar!
Agora quando se trata de cidades pequenas, o psicólogo não vai atender ninguém???
Se não tem vínculo, atende!
Ou todos são amigos???
Eu não teria a cidade toda frequentando minha casa se fosse o caso.
Posso atender a minha vizinha. Moramos no mesmo condomínio, mas não temos vínculo, apenas, bom dia, boa noite.
Mas se ela mentir que não irá comparecer a sessão porque está doente e depois eu encontrá-la no estacionamento chegando com sacolas do shopping, quem ficará sem graça?
Ok ok... Trabalharemos sobre isso na próxima sessão rs

Pensem nisso!

Por Psicóloga Deise Barreto

Refletindo sobre limites e permissividade

Durante a nossa vida adulta e independente de que área da mesma, nem sempre ouvimos somente o sim que desejamos.
Por que então acreditar que as crianças não podem ouvir não?
Crianças desde muito pequenas podem e devem ouvir o não.
Primeiro porque crianças precisam de limites e segundo porque o mundo não irá satisfazer todos os desejos delas, o não acabará sendo natural, seja na escola, no trabalho etc.
Uma criança que não ouve em casa o NÃO, que desde cedo não sabe respeitar as regras e os limites impostos pelos cuidadores, crescem com a falsa ideia de que podem tudo, e ao se deparar com os nãos da vida viverá a frustração, podendo então desencadear uma postura de delinquência...
A permissividade dos pais acaba ganhando uma conotação negativa.
Para impor limites não é necessário agressividade, é possível dar limites com amor, a criança precisa ser muito amada, e desde o início os pais entenderem que com a chegada do bebê o mesmo precisa se adaptar a casa, aos pais e às regras. Não o contrário.
Um bebê não tem discernimento, mas percebe tudo e com o passar dos meses entende e se constitui de acordo com a maternagem oferecida.
Ele é totalmente dependente e são os pais, principalmente a mãe quem irá apresentar o mundo a este pequeno ser.
Se a mãe ou pai só ensina gritando é outro problema! Os filhos são reflexos dos modelos que são os pais.
Por exemplo: Hoje eu estava em uma sala de espera de um hospital e lá tinha um pequeno espaço com brinquedos para entretenimento das crianças. Duas crianças, de três e quatro anos foram brincar... O menino, menor, simplesmente começou com muita agressividade jogar todos os brinquedos como se quisesse destruí-los, a irmã queria brincar e então começaram a brigar, gritavam muito alto, jogavam os brinquedos, choravam e gritavam ao mesmo tempo. Era um escândalo. Crianças saudáveis gritam mesmo, brigam, mas ali estava fora do normal. A mãe presenciava tudo, mexia no celular e às vezes, dizia alto quase gritando: "Para de gritar, fulana* deixa o seu irmão brincar sozinho..."
Só chamava a atenção de um.
Fiquei observando por uns cinco minutos.
A mãe percebeu que todos olhavam e quando a chefe da recepção foi até lá porque a gritaria estava chamando muito a atenção de todo o espaço, a mãe falou:
"Ai eles gritam muito"! Sorrindo.
Fiquei a me perguntar:
Gritam muito por que só dessa forma chamam a atenção da mãe?
Gritam muito por que não estão acostumados a ouvir nãos e desconhecem limites?
Gritam muito por que em casa convivem com adultos que só resolvem as coisas nos gritos?
Sabe, o mundo anda tão violento, tantas coisas acontecendo, crise disso, crise daquilo...
Se cada um fizer sua parte, se dentro de cada lar as crianças encontrarem respeito, amor, harmonia a tendência é se tornarem cidadãos de bem que verão e viverão nas ruas a continuação do que vivem em casa.
Pais querem brigar, discutir um assunto, o faça no quarto distante dos filhos. Não permitam que eles cresçam presenciando brigas e gritarias.
Não se consegue impor limites com agressividade.Com amor dói menos e é melhor digerido.
Paciência após um dia estressante é difícil, mas procura se policiar. Crianças são crianças.
O que acontece dentro de um lar fixa na mente dos pequenos, acarretam traumas!
Ouvi de uma menina de dez anos recentemente que quer ser aventureira quando crescer, conhecer o mundo e não casar, muito menos ser mãe.
Perguntei por que?
Ela respondeu que casamento causa tristeza, brigas e quem mais sofre com isso são os filhos.
Que triste visão essa menina carrega, pois vive em um lar com muitas brigas, gritarias, ciúmes...
Como fala uma frase conhecida que desconheço a autoria: ... Todos querem um mundo melhor para os filhos, que tal deixar filhos melhores para o mundo?

Por Psicóloga Deise Barreto

sexta-feira, janeiro 09, 2015

Vamos brincar?!

Vamos brincar?!

Brincar com os filhos estimula a criatividade e estreita os laços

Nos surpreendemos com a inteligência das crianças com pouca idade. Quem não se encanta ao chegar a casa de um amigo ou parente e ver aquele “menininho”, ligando o home theater e colocando o DVD de desenho favorito? Ou com a habilidade do filho pequeno ao manusear o tablet com mais facilidade do que muitos adultos?

Muitos pais admiram e estimulam os filhos, presenteando-os com tudo o que há de tecnologia, porém essa atitude contribui para que as crianças ocupem seu tempo apenas com jogos e interação virtual, que se não for bem dosado faz-se perder o brincar criativo, a interação com outras crianças e entre pais e filhos. Colaborando também para um desenvolvimento introspectivo e uma infância solitária.

A infância é a fase onde o indivíduo acumula vivências e experiências, que lhe servirão de base para a construção da sua subjetividade. A importância do brincar e de criar para a criança é fundamental para o seu desenvolvimento, na construção da identidade pessoal, o brincar sozinho, com amiguinhos e também com os pais.

Sabemos que não é fácil após um longo dia de trabalho, muitas vezes regado a estresse, ter disposição para brincar com o(s) filho(s). Mas é de extrema importância se organizar e despender, nem que sejam vinte ou trinta minutos do seu tempo para brincar com eles. Em meio a brincadeiras pode questionar como foi o dia dele, seja na escola ou com a babá e entrar na brincadeira, estimulando-o, conforme sua capacidade de viver criativamente. Observe como com alguns brinquedos simples, a criança consegue fantasiar e criar uma estória e geralmente, incluem os pais e pedem atenção.

“A infância é a fase onde o indivíduo acumula vivências e experiências, que lhe servirão de base para a construção da sua subjetividade.”

Sou fã dos brinquedos educativos, de acordo com cada idade, porque despertam a curiosidade da criança, estimulam o desenvolvimento, o raciocínio principalmente, quando na fase dos “por quês”. Alguns pais perdem um pouco a paciência, pois a criança exige muito, fala demais, mas há de compreender que ela está vivendo o momento de descoberta, quer entender muitas coisas e quem melhor do que os pais para ensiná-las?

Desde bebê a capacidade de criar, imaginar, inventar e produzir um objeto está presente. Logo, ela pode se divertir e brincar sozinha, mas adoram companhia e têm muita energia, o que dificulta acompanhá-las, mas é necessário ceder, participar. Dançar é outra diversão para elas, quando os adultos se permitem dançar e cantar músicas infantis, é festa. Tornam-se crianças novamente e arrancam sorrisos de felicidade dos pequenos.

A infância passa rápido, quando percebemos eles já cresceram, desenvolveram outros interesses e aí cabe mais a orientação, a proximidade que essa nova fase requer e que foi construída lá atrás, a base de confiança e amizade, que é fundamental na relação entre pais e filhos.

Já dizia Winnicott “O brincar é universal, uma forma básica de viver e é somente no brincar, que o indivíduo pode ser criativo”.

Portanto, pais estimulem os filhos a brincar! Assim poderão ser mais criativos e isso influenciará no desenvolvimento do adulto, do profissional no futuro e eles serão gratos a vocês.

Deise Alves Barreto de Matos, psicóloga clínica e especialista em psicossomática.
E-mail: psicologa.deise@gmail.com
Facebook: www.facebook.com/psicologadeisebarreto

sexta-feira, agosto 01, 2014

Vovó e Vovô vão morar em casa

Como as famílias devem se ajustar a esta nova realidade

Quando um ente querido envelhece e ocorre a necessidade da vinda dele para a casa de um familiar, seja irmão, sobrinho, filho ou neto, essa nova realidade acaba alterando a rotina de ambos, do idoso e da família. Como sempre digo: “a mudança é muito temida pelas pessoas que preferem não sair da rotina que acomoda, ou seja, sair da zona de conforto!” Logo, é muito comum nos depararmos com famílias que têm idosos vivendo na mesma casa, seja por motivos de viuvez, doença entre outros.

A velhice chega para todos, embora muitos a temam, regada de sabedoria, pela experiência de vida e discernimento frente a diversas situações da vida. Em alguns casos requer paciência por parte dos cuidadores, normalmente filhos e netos, que ironia, não? Pois, quantas vezes esses idosos de hoje tiveram de exercitar a paciência, a abdicação, a disciplina na educação e criação não só dos filhos, mas também dos netos, décadas antes.

Por mais que haja amor, é comum aos netos se incomodarem com as manias dos avós, os filhos perderem a paciência diante das exigências dos pais ou sogros idosos, esquecendo-se de que nem sempre é fácil aceitar, que depois de tantos anos de independência e luta se aperceberem sobremaneira dependentes de quem quer que seja.

Certa vez, atendi uma senhora que se sentia muito solitária após a morte do seu esposo, na ocasião, um dos seus filhos a convidou para morar com ele. Mas ela optou por continuar morando sozinha, dizia que não queria incomodar ninguém, que tinha seus horários e manias e sabia que seu filho, nora e netos também tinham sua rotina, que era totalmente diferente da dela. Mas, ainda assim, ela sentia muita falta das ligações, das visitas, da presença dos filhos e dos netos. Reclamava das reuniões em família, que quando aconteciam, recebia pouca atenção, o dialogo era curto, como se ela não tivesse assunto ou como se a sua opinião não fizesse qualquer diferença.

Por outro lado, acompanhei um jovem senhor que após um problema de saúde enfrentado pela sogra, levou-a para morar com ele e a família, pois era grato a sogra por tudo que ela havia feito pela família ao longo da vida, e não poderia desampará-la naquele momento. Embora, o comportamento dela, muitas vezes, fosse inconveniente, contribuindo para conflitos entre o casal, que se desentendia, mas que fazia de tudo para mantê-la tranquila.

Observando estes exemplos e tantos outros, poderíamos opinar de varias maneiras, mas a realidade não deve ser julgada e sim compreendida, afinal vivenciar a situação é muito mais complexo do que se possa imaginar.

Os idosos, ao se sentirem improdutivos tendem a preferir a morte a continuar vivendo sem uma razão. Muitos precisam de limites, assim como crianças, nestes casos e em quase todos os outros o diálogo é a base da boa comunicação e da boa convivência.

Quando inserido no lar o idoso precisa também de muito amor, acolhimento, tolerância e a união da família. Não é fácil a mudança de vida para os idosos, da mesma forma que não é fácil para um jovem casal receber um bebê, trata-se de uma nova pessoa em sua intimidade, o que muda a vida da outra e requer adaptação e acima de tudo boa vontade.
Como citou Sêneca “Nada é menos digno de honra do que um homem idoso que não tenha outra evidência de ter vivido muito exceto a sua idade”.

(Texto elaborado para a revista Bem Mais, ago/2014)

Deise Alves Barreto de Matos, psicóloga clínica e especialista em psicossomática.

segunda-feira, junho 30, 2014

Conflitos entre irmãos por Deise Barreto

Conflitos entre irmãos

Como os pais podem administrar essa questão

Você provavelmente já se deparou com a frase: “Como pode? Irmãos criados da mesma forma e de temperamentos tão diferentes!”. De fato, na maioria das famílias percebemos irmãos com personalidades distintas. Estranho seria se assim não o fosse...

É compreensível que muitos acreditem que a mesma forma de educação entre irmãos influencie, mas a realidade é que a mãe e o pai vivenciam a maternidade e a paternidade de maneira peculiar a cada gestação. Esse novo ser humano será recebido com uma maternagem adequada ou não para aquele momento, além de se constituir como indivíduo com variáveis inatas aos fatores biológicos e a influência do ambiente no qual estará inserido. A partir desta influência inicial em seu desenvolvimento e dos estímulos externos, é que observaremos como se dá a relação entre irmãos.

Quando a diferença de idade entre irmãos é maior, naturalmente viverão experiências distintas pela fase em que cada um se encontra, o que tende a ser natural é que o irmão adolescente não tenha muita paciência com o que ainda é criança ou o oposto, o irmão mais velho, pode ser super protetor, tanto que acabe fazendo também o papel materno ou paterno com o “caçulinha” que poderá tê-lo como seu maior e melhor exemplo.

Quando possuem a mesma idade, por mais próximos que sejam, também haverá conflitos e em muitos casos se estabelecerá a competição, que pode ser ou não estimulada e alimentada pelos próprios pais e é aí onde mora o perigo. O ser humano é competitivo por natureza e se o ambiente o estimula, podemos ter o conflito do positivo e do negativo no mesmo espaço.

No caso das famílias onde há apenas uma criança, supondo que seja o único neto, sobrinho e filho, naturalmente ela terá toda atenção, carinho e privilégios. Se os pais desejam aumentar a família é importante colocar a criança na decisão e prepará-la para toda mudança que terá de enfrentar. Quando não for planejado, sempre será tempo de inserir a criança neste novo momento, seja conversando, orientando, indicando as responsabilidades sobre o irmão mais novo, no entanto, de maneira a não superiorizá-lo ou inferiorizá-lo, deixando claro que o irmão não será de sua propriedade e que ele não será menos amado pelos pais, que despenderão mais atenção ao pequeno.

Com o passar do tempo a postura dos pais fará a diferença. Embora as crianças sejam educadas pelos mesmos pais em fases diferentes de suas vidas, é necessário que o amor, a união, a parceria e a cumplicidade, sejam alimentados dentro do lar através do diálogo, orientação, limites e sem competições.

É natural que haja mais afinidade dos pais para com um dos filhos, por mais amor que exista entre todos, um filho pode se destacar mais que o outro, suas habilidades, carisma... Mas essas diferenças de personalidades precisam ser respeitadas. Vemos em algumas famílias que quando o pai se identifica com um dos filhos, o qual detém certa habilidade admirável, acaba sendo elogiado demais, enquanto o outro não. Sem contar os que comparam, subestimam e tal comportamento pode acarretar o conflito, o ciúme e pouco a pouco as brigas entre os irmãos, que podem ganhar conotação destrutiva a ponto de prejudicar a convivência. E se pararmos para analisar, infelizmente, isso é muito comum.

Será que tantos conflitos entre irmãos não poderiam ser evitados se fossem observados precocemente pelos pais? Se aborrecer ou vivenciar um atrito acaba sendo muito natural em qualquer relação humana, o que os pais não podem permitir é que uma rivalidade infantil perdure na vida adulta. De que forma? Buscando alimentar a paz familiar e ao detectar a competição precoce tentar revertê-la. Já dizia Aristóteles: As contendas e ódios mais cruéis são os dos irmãos, porque os que muito se amam muito se aborrecem.

Vivemos numa era onde valores se perdem rapidamente, mas não podemos permitir que a família se perca. Os irmãos são os parentes do presente e do futuro, quando a ordem natural da vida se dá, os pais partem e ficam os irmãos, é necessário que um conte com o outro e contribuam para o crescimento da família. Alimentar também, a convivência entre primos é muito importante, pois muitas famílias possuem apenas um filho. O respeito precisa ser o ponto fundamental como em toda relação e esta base, precisa ser constituída no início de tudo!

Texto elaborado para a sessão Família da Revista Bem Mais Osasco - Jul/2014

quinta-feira, junho 12, 2014

DR - Discutindo a Relação

DR - Discutindo a Relação
(Como salvar o amor da rotina).
Há quem diga que mulher adora uma DR (discutir a relação).
Aí eu te pergunto: Só as mulheres?

Atualmente me deparo com mulheres reclamando que o parceiro vive tentando discutir a relação.
Pois é, foi o tempo em que só mulheres provocavam o diálogo no relacionamento. No entanto, confesso que fico feliz deste contexto viver transformações. Afinal, comunicação é tudo!
Toda relação humana requer atenção, seja entre pais e filhos, irmãos, chefe e funcionário, homem e mulher. A partir do momento que existe convivência com outra personalidade há conflito, mas o mesmo perdura ou não dependendo de como os personagens deste enredo conduzem a situação.

Quantas vezes você deixou de expor um ponto de vista com receio de magoar o outro?

Quantas vezes você falou sem pensar, ofendeu e se arrependeu?

Como eu sempre falo para se viver bem é necessário equilíbrio. Viver os extremos nunca será confortável. E podemos falar sobre o que quisermos desde que saibamos usar as palavras certas e no tempo adequado.

Muitos casais chegam ao consultório, insatisfeitos ou frustrados com o relacionamento, por estarem vivendo a relação monótona e acabam confundindo com o fim do amor.
Mas, se observarmos muitos casais com o tempo de convivência perdem aquele combustível do inicio, percebem?
Quando duas pessoas se encontram e se apaixonam, na grande maioria dos casos lutam juntas durante a fase de sedução para que o relacionamento flua, esquecem o cansaço, o tempo, se esforçam para estarem juntas e agradar mutuamente. Se for desta maneira que a paixão foi transformada em amor, se há felicidade em estar junto, o que motivou tudo mudar e cair na rotina?

Muitos terão várias justificativas distintas, mas no fundo a verdade é uma só, houve acomodação, ‘já conquistei, já tenho, amo, sou amada (o) e basta’. Vão permitindo com esse pensamento seja ele consciente ou inconsciente que a relação esfrie, pois deixaram de colocar combustível na mesma.
E aí se resolvem se separar e anos mais tarde na nova relação se deparam com a mesma situação, isto é, se não souberem conduzir de maneira diferente, novamente ocorrerá frustração.

Se no ambiente profissional você permitir que a rotina te deixe relapso e intolerante, a chance de você ser substituído será grande. Logo, na relação amorosa não é diferente, mas o amor é algo tão sublime e se lá atrás você escolheu alguém para compartilhar da vida contigo, por que não lutar?
Por que não expor o que pensa, sente, o que faz falta?
Não apenas isso, mas também ser exemplo, também fazer por onde, agir como gostaria que o outro agisse, pois somente desta forma você terá como cobrar algo, mas não que você tenha que fazer buscando algo em troca, faça por vontade própria, por amor.
Não existe relação sem amor.
Não existe relação sem diálogo.

Lembrando que ninguém precisa viver uma vida infeliz se já não há mais amor e pode finalizar a relação com respeito por tudo que a pessoa significou na sua vida, na sua história...

Segundo o saudoso Paulo Goulart que viveu um exemplo de relacionamento com a atriz Nicette Bruno por 60 anos... “A vida é um aprendizado permanente. Se não exercitar a paciência e o entendimento, se briga por bobagem”.

O relacionamento precisa ser regado constantemente e quem disse que viver uma DR é o fim de tudo?
Pode ser apenas o começo ou recomeço do que não tem fim...

Deise Alves Barreto de Matos, psicóloga clínica e psicossomatista.

(Texto elaborado para a sessão Família da Revista Bem Mais, especial dia dos namorados - Jun/2014).

terça-feira, maio 20, 2014

Mãe possessiva

Como se auto identificar e se auto controlar
Mães que amam demais! Justificativa de muitas mulheres perante o rótulo que ganham de “mãe possessiva”. Rótulo esse, que parte na maioria das vezes dos próprios filhos.

Em qualquer relação amar demais nunca será sinônimo de posse ou de controle. Quem ama, cuida, mas não sufoca. O comportamento possessivo é típico de uma pessoa insegura e controladora e vivenciar este comportamento, acarreta muita angústia no vínculo mãe e filho.
É natural durante a gestação que a mulher vivencie a preocupação materna primária, conceito de Donald Woods Winnicott (1896-1971), pediatra e psicanalista inglês. Winnicott chamou de preocupação materna primária o estado de preocupação inicial da mãe para com o seu bebê, um estado necessário para a qualidade do vínculo mãe-bebê. Neste estado a mãe entra em um processo introspectivo onde o foco é o seu bebê. Esse tipo de preocupação é fundamental para a boa relação entre eles e isso favorecerá a constituição dessa nova vida, enquanto sujeito. No entanto, é necessário após o nascimento que gradativamente a mãe volte a se preocupar com outras questões, além do filho, para que não passe para um estado patológico, onde ambos serão prejudicados.

Já diziam os antigos...“Os filhos são para o mundo.”

A maternagem requer inúmeros fatores, mas o excesso nunca será saudável, em nada, inclusive nas relações humanas. Quando acreditamos poder controlar uma outra vida, como se estivéssemos protegendo-a, a probabilidade de se frustrar futuramente é grande. Pois, muitas circunstâncias fogem ao nosso controle. Quando a mãe protege em demasia seu filho, devido a sua insegurança, estará contribuindo para que ele também seja inseguro, comprometendo o desenvolvimento sadio e como consequência, formará um adolescente ou adulto com inúmeros conflitos internos.

É fácil julgar o comportamento das mães possessivas, mas a angústia delas é grande, o medo de que algo ruim aconteça ao filho a coloca em estado de alerta constante. Então, ela perde o senso e age espontaneamente sufocando, controlando e se esquecendo de que aquele ser precisa ter autonomia e liberdade de escolha. Enquanto é criança, o controle consegue ser maior e eficaz, dentro da visão da mãe, mas na adolescência e vida adulta tais atitudes podem gerar muitos conflitos e danos ao vínculo mãe e filho. Quanto ao filho, independente de como ele reage a essa relação e às consequências psicológicas sofridas por este amor possessivo desde o início da vida, poderá buscar maneiras de fugir ou não desse controle excessivo.

Cuidar da mente, elaborar traumas, lidar com os nossos medos é fundamental para que tenhamos equilíbrio e inteligência emocional. Quando não estamos bem, não conseguimos ajudar ninguém, muito menos educar outro ser. Viver a maternagem requer manejo para que seja bem sucedida. Ser mãe é educar, cuidar, brigar, chorar, brincar, sorrir, ajudar, mudar, se preocupar, se irritar... É, sobretudo saber amar com leveza.

Deise Alves Barreto de Matos, psicóloga clínica e especialista em psicossomática.
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