terça-feira, março 27, 2012

É possível voltar a confiar?


Ao ler esse texto abaixo do Jabour me remeteu a minha infância e aos conflitos que vejo a nossa sociedade vivenciar atualmente.

Na minha infância tínhamos os limites impostos pelos nossos pais embasados de valores e princípios.
Pais sem muita instrução, mas com tamanha sabedoria que sabiam administrar o salário baixo e criar seus filhos de forma digna, com vínculos fortalecidos.
As famílias se reuniam diante a mesa para jantar, depois iam todos assistir aos noticiários, novelas, tinha hora para tudo, inclusive para as crianças, dormir e acordar.
E o respeito? Era fundamental. Qualquer pessoa mais velha era respeitada pelas crianças e adolescentes.
Conflitos, problemas, famílias tumultuadas, jovens delinquentes, tudo isso sempre existiu, mas os valores eram diferentes!
Os anos passaram, a modernidade nos presenteou com ferramentas de facilidades jamais imaginadas... Ganhamos tempo, vivemos um progresso que agrega, no entanto, os valores vão se perdendo pouco a pouco.

Hoje é comum em uma família a mãe e o pai terem uma carreira bem sucedida, logo os filhos possuem muito mais do que as crianças do passado de classe média, no entanto, é raro as famílias que sentam em torno da mesa para fazer uma refeição ou que assistem a TV reunidos, pois em cada quarto possui uma televisão, um computador e cada membro da família tem os seus afazeres, não há tempo para interagir. O pai está estressado, a mãe ocupada e as crianças querem se comunicar com os amigos através das redes sociais ou jogar vídeo game.

Muitos pais acham que é obrigação da escola a educação, cobram isso dos professores que na grande maioria dos casos não são respeitados pelos alunos, que vivem a falta de afeto, por terem tudo, menos carinho e atenção.

Vivemos a era onde muitos acreditam que o dinheiro resolve tudo!

Os diálogos tornam-se escassos! As relações vazias! O afeto é substituído por um bem material.

Os lares possuem mais confortos, e os moradores cada vez menos tempo para usufruir do mesmo.

Crianças e adolescentes cada vez mais 'adultos', mais viajados, adquirindo mais conhecimentos, porém com menos maturidade e pouca malícia de vida!

Valorizam o TER e de fato esquecem da importância de SER!

Mas, ainda há os que acreditam em mudança, em criar os filhos impondo limites e valores, cobrando respeito e responsabilidade.

Será possível diante de tudo que percebemos?

Você pode educar o seu filho e o mesmo se deparar com amiguinhos com uma realidade diferente da dele e isso ser aceito?

É perceptível por conta de várias razões, adolescentes recorrendo à fugas devido não se sentir pertencido no seu próprio lar e com a sua família.
Meninas com vestidos cada vez mais curtos, maquiagem carregada, plásticas para se sentir pertencente aquele grupo onde todas têm que andar assim para ser aceita.
Meninos mudando o corte de cabelo, visual em prol de fazer parte da 'tribo' pop da escola.
Cada vez mais cedo fazem uso de álcool, cigarros e até de drogas mais pesadas.
Os pais liberam para curtir as 'baladinhas', mas eles não têm ainda qualquer discernimento do que é certo e errado, pois os valores estão totalmente deturpados.

Diferentemente do Jabour, a minha pergunta é: É possível voltar a confiar???

Eu acredito que sim!!! É necessário a nossa geração impor respeito, limites das nossas crinças e adolescentes, orientar, conversar e acima de tudo dar amor e atenção!

Não podemos desacreditar dos seres humanos e de um mundo melhor! Mas, isso requer muito equilíbrio e autoconhecimento.

Deise Barreto.

Quero voltar a confiar, por Arnaldo Jabour.

Fui criado com princípios morais comuns: Quando eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos eram autoridades dignas de respeito e consideração.
Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afeto.
Inimaginável responder de forma mal educada aos mais velhos, professores ou autoridades…
Confiávamos nos adultos porque todos eram pais, mães ou familiares das crianças da nossa rua, do bairro, ou da cidade…
Tínhamos medo apenas do escuro, dos sapos, dos filmes de terror…
Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos.
Por tudo o que meus netos um dia enfrentarão.
Pelo medo no olhar das crianças, dos jovens, dos velhos e dos adultos.
Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadãos honestos.
Não levar vantagem em tudo significa ser idiota.
Pagar dívidas em dia é ser tonto… Anistia para corruptos e sonegadores…
O que aconteceu conosco?
Professores maltratados nas salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas.
Que valores são esses?
Automóveis que valem mais que abraços, filhas querendo uma cirurgia como presente por passar de ano. Celulares nas mochilas de crianças.
O que vais querer em troca de um abraço?
A diversão vale mais que um diploma. Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa.
Mais vale uma maquiagem que um sorvete. Mais vale parecer do que ser…
Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?
Quero arrancar as grades da minha janela para poder tocar as flores!
Quero me sentar na varanda e dormir com a porta aberta nas noites de verão!
Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero a vergonha na cara e a solidariedade. Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olhar olho-no-olho.
Quero a esperança, a alegria, a confiança!
Quero calar a boca de quem diz: “ temos que estar ao nível de…”, ao falar de uma pessoa.
Abaixo o “TER”, viva o “SER”!!!
E viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva, limpa como um céu de primavera, leve como a brisa da manhã!
E definitivamente bela, como cada amanhecer.
Quero ter de volta o meu mundo simples e comum.
Onde existam amor, solidariedade e fraternidade como bases.
Vamos voltar a ser “gente”
Construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas.
Utopia?
Quem sabe?...
Precisamos tentar…
Quem sabe comecemos a caminhar transmitindo essa mensagem… Nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão!

4 comentários:

  1. Nossa, viajei 45 anos atrás! Que saudade! A modernidade mudou tudo, mas graças a Deus ficou dentro de mim a chama que meus pais deixaram: educação, respeito e honestidade! Realmente precisamos tentar! A turminha do futuro merece!

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  2. Não podemos pensar que querer um futuro melhor aos nossos filhos é utopia. Temos que fazer a diferença começando pela nossa casa.

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  3. O texto é da escritora gaúcha Sara Maria Binatti dos Anjos e não do Jabor. Abraços, Antonio Pedro.

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  4. Caro Antonio Pedro, conheço o mesmo como autoria do Jabor e consta em vários sites. Caso tenha sido autoria da Sara, desconheço. Abç.

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