segunda-feira, agosto 08, 2011

Sexualidade e suas disfunções.


Quando lemos os escritos de Freud sobre a sexualidade muitos acham que não faz sentido em pleno século XXI levar em consideração tais colocações feitas por ele naquela época devido à repressão sexual. No entanto, embora hoje haja uma ‘liberdade sexual’ não deixa de ter repressão e problemas de origem sexuais. “Afinal, estamos na era do prazer, e fica subentendido ser obrigatório, independentemente de quaisquer contingências, terem orgasmos múltiplos e ereções por horas a fio” (França, 2005).

Infelizmente ainda a procura de mulheres e homens para buscarem ajuda diante das dificuldades sexuais são raras.

A autocobrança está demasiada... “É o excesso de sexualização veiculado pela mídia, e recebido passivamente pelos pequenos telespectadores, um dos principais instrumentos capazes de provocar uma excitação difícil de ser dominada e por isso fortemente traumática” (Sigal, 2001).

O homem se encontra fragilizado buscando ir além do que é capaz para provar para si mesmo e para as parceiras uma alta performance por se sentir angustiado ao temer que a amiga, colega ou ‘ficante’, narre seu desempenho para o grupo. Por outro lado as mulheres temem se despir sem que seu corpo esteja de acordo com que a mídia propaga como ideal da mulher gostosa, muitas investem no próprio corpo almejando obter o ideal que vêem nas tais mulheres frutas que fazem sucesso pelas suas formas, falta de celulites ou estrias.

Muitos jovens, sejam homens ou mulheres, acham vergonhoso assumirem que desejam uma relação estável e duradoura, os homens se cobram se não levam a mulher para o motel no primeiro encontro, sendo que muitos desejavam um passeio a um parque ou um cinema com pipoca. Vemos pessoas deixando a espontaneidade de lado, porque não querem ser passar como caretas.

França (2005), em algumas entrevistas realizadas para seu trabalho pôde constatar que a partir dos anos 1950, houve uma cobrança muito grande de desempenho, de orgasmo, principalmente das próprias mulheres, mas, ainda hoje, apesar da sexualidade da mulher brasileira ser muito mais liberal do que a da mulher argentina ou alemã, por exemplo, há um nível muito alto de repressão, desinformação e falta de conhecimento do próprio corpo.

Embora muitos não param para pensar a respeito ainda há muita repressão no que diz respeito ao sexo. Atualmente a vida sexual tem início precocemente, antes mesmo de conhecer o próprio corpo, pulam etapas inclusive na intimidade sexual com o (a) namorado (a). Muitas mulheres desconhecem a diferença entre falta de libido e orgasmo, e tem ainda a dúvida de se realmente obteve o gozo, pois esperam uma ejaculação tal como a que o homem tem.

Cada mulher tem um orgasmo de uma forma, embora seja ainda a minoria que chegam ao mesmo. O desconhecimento do corpo, do que lhe dá prazer acaba impedindo que se obtenha o mesmo no ato sexual. As mulheres funcionam diferentemente dos homens, e hoje em dia vários fatores acabam influenciando no rebaixamento da libido nas mulheres. Tais como:
- Pós-parto (dificuldade da mulher se ver como a mãe que goza);
- Decepções com parceiro;
- Uso de anticoncepcionais;
- Problemas profissionais ou financeiros;
E têm os parceiros com baixa de desejo ou ejaculação precoce, que se sentem envergonhados pela ‘sua impotência’ e acabam evitando contato com a parceira com receio de não satisfazer a mesma e ser tachado como ‘menos homem'.

Muitos homens que acha injusto não ter a certeza de que a parceira esteja excitada, pois a excitação dele é visível e a dela não.
Não mesmo?
Se realmente estiver em sintonia, observar tem sim como perceber se a parceira está lubrificada, está excitada... Falta diálogo.

Os ginecologistas e sexólogos se deparam com mulheres vivenciando: frigidez, anorgasmia, vaginismo e dispareunia. Termos circunvizinhos.
Frigidez: Sinônimo de responsividade sexual falha.
Anorgasmia Feminina: Dificuldade em atingir o orgasmo. Em sua etiologia encontramos frequentemente, as de ordem psicológica, derivada de educação sexual repressora, promovendo associações entre sexo, pecado, nojo e imoralidade.
Vaginismo: Temor ao ato sexual. Fatores etiológicos: educação sexual repressora, formação religiosa severa, homossexualidade feminina, trauma sexual anterior entre outros.
Dispareunia: Na origem grega – má união. Dor durante ou após a penetração vaginal. Fatores psicogênicos: autopunição por repressão educacional ou por relacionamento extraconjugal; conflitos de identidade sexual, quadros fóbicos (fobia de gravidez, dor ou doenças), relacionamento desgastado entre outros.

É necessário que nós profissionais estejamos atentos e tenhamos tato para entrar nessa área que “faz parte da boa educação e bom funcionamento superegóico não especular pelas intimidades alheias” como disse França em seu livro sobre disfunções sexuais.

E as mulheres e homens que passam por essas disfunções buscarem abertura sejam com ginecologista, urologista ou psicólogo, pois anorgasmia, ejaculação precoce e todas as disfunções por fatores psicogênicos, estão associadas à repressão sexual sofrida, desinformação...

Buscar ajuda é o primeiro passo para uma vida sexual mais feliz e satisfeita!

Deise Barreto.

Bibliografia:
França, Cassandra Pereira. Disfunções Sexuais. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.

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